sexta-feira, 9 de novembro de 2007

O “Fim da Arte(?)” e o conflito “Moderno-Contemporâneo”
























the death of Art”na contemporaneidade
e o nascimento de uma Filosofia da Arte
Uma vez que morre a arte, morrem também os artistas?

O que hoje concebemos como Arte, muito embora antes não tivesse um nome que a especificasse [ou qualificasse], era atribuído não ao artista, mas à uma entidade místico-divinal que misteriosamente utilizava a técnica do artesão para imprimir em nossa realidade mais que a simples funcionalidade, trazendo assim uma espécie de oculta mensagem cósmica através do “Belo” que era capaz de suscitar na mente das pessoas. No entanto, lá ela estava, ainda sem nome, sem nem que se tentasse definí-la [será mesmo que não?]. Os séculos passaram-se e o que conservou-se, mesmo após o advento de um conceito 'moderno' de Arte, ou Bel'Arte ou Bellas Artes, pôde ser admirado como sendo Arte (com A maiúsculo), mesmo tendo sido criado numa época onde tal conceito não existia. Diante disto, me pergunto: se a arte, feita antes de a Arte ter recebido tentativas de definí-la assim, alcançou aquilo pelo que se qualificava então como Arte, o que exatamente a impulsionava, se não as circunstâncias materiais no em-torno da sua concepção (que são incipientes diante do caráter “belo” da obra), ou, por outras palavras, o que a motivava além de seus previsíveis objetivos técnicos? E como as Artes da emancipação da “Bel'Arte” conseguiam pois alcançar este mesmo patamar do “Belo” se ambos partiam de consciências completamente distintas sobre o mesmo fenômeno? E como hoje será então tal artista, dotado de todas estas outras consciências? Será ele consciente da própria inovação, ou a 'entidade divinal' do milênio passado está verdadeiramente dentro da própria mente do artista, do próprio infinito enigma de uma alma criadora? Será que ele detém tal controle diante de uma conscientização cada vez mais íntima de tais fenômenos? Poderá o descontrole do imprevisível imperativo da criAção ser, então, provocado? Infelizmente, como resposta à estas perguntas, só trago mais perguntas...

Supondo que agora se entenda que da mesma maneira que existiu uma arte-Arte anterior ao aparecimento do “A” maiúsculo na Arte, ou seja, uma arte não coeva que poderia ser considerada como Arte, mesmo tendo este conceito acabado de nascer, devemos pois olhar a Arte contemporânea como a “Arte depois do fim da Arte”. Porque? Isso talvez eu consiga esboçar alguma explicação.

A Arte, desde sua concepção individual que data do séc. XVIII, era então essencialmente criadora, promovia rupturas, quebras, construção de significados e conceitos [muros] que, se não abrangiam, assim intencionavam diante de toda sua sociedade da época, por outras palavras, tinha a formação de identidades estilístico-artísticas, personalidades, etapas que definiam-se certeiramente, ao passo que com o fim da arte (“the death of art”) nada se cria de novo neste sentido [será mesmo?], e apenas cita-se o que houve anteriormente. Assim sendo, a Fênix da coeva reconceituação artística seria uma entidade racional-sensitiva, dotada de arbítrio na edição de “produtos de arte” conforme as escolhas no encadeamento de inúmeras e inevitáveis citações artísticas de acordo com públicos pré-determinados ou não. Por outras palavras, não teríamos mais artistas, mas sim editores de arte. Vivemos a era da fragmentação semântica, do ensaio de uma polisignificação, de eternas orgias semiológicas e experimentais... Quanto mais sabemos, mais temos a saber [como já nos é sabido]. Quanto mais criamos, mais nos é possível criar...

Assim como pode-se dizer que é descontínua a passagem da era das artes utilitárias para as “Belas Artes”, como já foi desenvolvido anteriormente, pode-se perceber uma nova descontinuidade entre o nascimentos das “Belas Artes” e a emancipação do movimento Modernista, e o mesmo se percebe do Modernismo às problemáticas em torno da busca de uma Arte Contemporânea.

O modernismo, ao contrário dos períodos antecessores da história da Arte, não nega seus antepassados, não os contrapõe, não se opõe à seu antecessor direto, o Romantismo, no entanto marca-se pela ascensão de um novo nível de consciência, onde a reflexão diante da própria representação se sobressai à criação de um molde específico de representatividade capaz de assim definí-la com uniformidade estilística.

O Moderno sistema de Artes vai diferenciar o seu Agora de seu antecessor, ganhando uma significação temporal sem no entanto adotar um significado estilístico uniforme que a caracterize ou classifique generalizada e precisamente, como era vigente até o período anterior. É o nascimento das inúmeras [infinitas?] vanguardas artísticas.


A arte contemporânea manifesta

uma consciência da história da arte

mas não a leva adiante”


a problemática do moderno-contemporâneo


Data de depois dos 70 o início deste movimento pós-arte, no entanto o mesmo continua obscurecido pela falta de consciência (ou excesso[risos]) dos “artistas” contemporâneos. Foi lançado quase que silenciosamente (no silêncio de escritas, leituras e manifestações artísticas as mais diversas), sem slogan ou bandeira, sem negar o passado e consequentemente não afirmando o presente-futuro, ou seja, se do séc. XVIII até meados do século passado a sociedade previa uma expectativa para a apreciação e/ou concepção de uma obra de arte, hoje, como poderíamos definí-la se não havemos de ter expectativas estabelecíveis?

O que caracteriza, e diferencia, a arte contemporânea, portanto, é ter à sua disposição toda uma bagagem da História da Arte que acaso se deseje utilizar/citar. Mas jamais este novo fenômeno de edição de artes alcançará a alma que fecundou essas artes quando foram concebidas? Acredita-se que algo essencial alterou-se, muito embora um mesmo mistério em torno das origens da inspiração percorra todo o caminho desde a primeira pintura na caverna, o primeiro batuque com sons musicais, até o surrealismo, ou o o synphonic metal ou neo classic metal , ou até um “Tempos Modernos” ou mesmo “Cine Mambembe”, ou ainda, tentemos imaginar e supor, até a imagem de um mosaico digital de pequenos cacos de obras de arte de toda a história da arte photoshopicamente organizados na tentativa de comporem uma nova imagem, que, no entanto, permanece indefinível ou inconcreta, exposto em alguma parede irregular de um coevo museu de arte editada.


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